Pegasus e a fragilidade da democraciaRosana Cabral Zucolo style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> Enquanto o Brasil torce pelos atletas e por medalhas olímpicas - e é justo que se faça, apesar da discutível decisão de realizar as Olimpíadas em meio à pandemia -, a vida pública segue ameaçada por aqui. Na segunda-feira (26), o UOL divulgou que a empresa israelense NSO Group negociara com a extinta força-tarefa da Lava Jato a venda do Pegasus - sofisticado programa de espionagem e ferramenta de maior violação da privacidade e de todos os direitos básicos de cada cidadão, entre janeiro a abril de 2018, ano de eleições no Brasil. Para quem não sabe, o Pegasus é um malware, programa criado para infectar computadores e outros dispositivos digitais. Opera no sistema "zero clique", isto é, se instala dentro dos celulares eleitos sem precisar ser ativado pelo usuário, e passa a ter acesso a todas as informações dos aparelhos. Monitora conversas, emails, mensagens, fotos, grava em tempo real pela câmera, microfones e sensor GPS do celular mesmo que o aparelho esteja desligado. Ou seja, viola totalmente a privacidade do portador em qualquer lugar em que ele esteja e/ou com quem. E para operar desse modo, o sistema precisa de muitas plataformas, o que ultrapassa as empresas de tecnologia e envolve as empresas de telecomunicações. O escândalo mundial do Pegasus eclodiu no último dia 18, quando os jornais Le Monde e The Guardian divulgaram a investigação do consórcio de jornalistas Forbidden Stories e da Anistia Internacional, revelando que o programa estava sendo usado por governos de muitos países acusados de violação dos direitos humanos, para controlar os considerados alvos potenciais no mundo todo. O vazamento de uma lista de 50 mil números telefônicos apontados pelos clientes da NSO desde o ano de 2016, sinaliza uma arma digital utilizada contra jornalistas, advogados, ativistas e opositores políticos em muitos países. No Brasil, a polêmica que envolve a compra do Pegasus foi denunciada em maio último, quando uma reportagem também do UOL reportou à tentativa de aquisição de uma ferramenta de espionagem via licitação, encabeçada pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro, do Republicanos, e filho do presidente Bolsonaro. Segundo as informações, o caso envolve a disputa com o alto comando do Exército e culminou com a exoneração do general Santos Cruz. A questão é séria e envolve pelo menos duas inconstitucionalidades que qualquer leigo pode apontar: o fato de um vereador (instância municipal, portanto) por ser filho do presidente da República, participar de reuniões estratégicas da segurança nacional. Isto fere o princípio da impessoalidade da administração pública. Também envolve a questão da segurança nacional quando se constata a possibilidade da entrega dos dados dos brasileiros para empresas internacionais. É séria também porque se constata que parte do poder judiciário, que deveria proteger o direito à privacidade dos cidadãos, se envolve em espionagem e manipulações usando mecanismos clandestinos apontados como "solução tecnológica". E ainda que o sistema não tenha sido adquirido como alegam os procuradores, o fato de ser cogitada a aquisição e o uso de uma arma como essa contra os próprios cidadãos extrapola qualquer o ordenamento jurídico. Nesse cenário, a Lava Jato teria o poder para monitorar e manipular os dados de qualquer pessoa sem nenhuma barreira de controle. É necessário perceber que há algum tempo o Brasil transita entre retóricas nebulosas a desviar a atenção das assinaturas de atos normativos que minam a democracia. |
Jogos Olímpicos e a imagem do BrasilRony Pillar Cavalli style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> O Brasil já tem fama mundial de país da depravação, onde turistas estrangeiros vêm passar férias em busca de sexo fácil, não sendo exagero que existe verdadeiro turismo sexual propagado por agentes de turismo inescrupulosos que incluem em seus pacotes turísticos prostituição e, muitas vezes, inclusive, envolvendo menores de idade e até mesmo pedofilia neste comércio sujo. A ginasta Rebeca Andrade poderia ter se destacado nos jogos olímpicos de Tóquio apenas por sua competência, sua capacidade, sua performance perto da perfeição. O desempenho que vem tendo na ginástica olímpica dos jogos bastaria para lhe projetar enquanto atleta de alto nível, porém o que mais chamou atenção foi a música por ela escolhida para a etapa do solo individual, música esta que revela o lixo que mídia progressista insiste em chamar de cultura e a depravação dos bailes funks. Acaso a atleta representasse apenas a si própria nos jogos não haveria o que se falar, mas está representando a bandeira brasileira e patrocinada com verba pública. Cerca de 80% dos atletas brasileiros que estão em Tóquio recebem bolsa atleta do governo federal, portanto verba pública envolvida. O bolsa atleta é um programa do governo federal que contempla o atleta em preparação para jogos normalmente com cerca de 12 parcelas, variando os valores de acordo com a categoria de cada um: atleta base R$ 370,00; estudantil R$ 370,00; nacional R$ 925,00; internacional R$ 1.850,00; olímpico/paraolímpico R$ 3.100,00; e pódio de R$ 5.000,00 a R$ 15.000,00. De acordo com o Ministério da Cidadania, este ano foi investido 96,7 milhões e a única prestação de contas exigida é a obtenção de resultados nos jogos disputados. A delegação brasileira é responsabilidade do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o qual tem a missão de proporcionar toda a infraestrutura necessária para os atletas, desde transporte, hospedagem, alimentação, etc. Se os atletas representam a bandeira brasileira, não podem fazerem o que bem entendem, pois suas atitudes e suas escolhas atingem a imagem do Brasil. Ao escolher a música "baile de favela", Rebeca Andrade contribuiu sobremaneira para alavancar a imagem brasileira como país da vulgaridade e não tenho dúvidas que manchou não apenas sua participação, mas especialmente a imagem do Brasil. Aqueles que não se atentaram para a letra deste funk, aconselho escutá-lo, mas o façam sem crianças por perto, pois a letra é o que pode ser de mais vulgar e repugnante, fazendo apologia a sexo promíscuo e relegando a mulher frequentadora destas festas como puro objeto sexual, letra estas que não me atrevo a transcrever aqui em respeito aos leitores, pois impublicável. É necessário que as escolhas dos atletas que representam o País nestas competições sejam fiscalizadas pelo COB e não seja permitido ou confundido liberdade com libertinagem capaz de manchar nossa bandeira.
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